quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Um luxo de Luvaria


Na revista "Tempo Livre" deste mês, li um artigo de António Sérgio Azenha, sobre uma luvaria de Lisboa já "patinada" por umas dezenas de anos. Chama-se Luvaria Ulisses. Fica incrustada na antiga muralha do Carmo e, pelo que percebi é uma lojinha minúscula, mas cheia de charme. Tem espelhos, lustres, dourados... Um atendimento de expert que me fez recordar o Sr. Vinhas da Casa das Luvas, cá de Coimbra : luvas "abertas" por um objecto de madeira comprido com ar de tesoura, "polvilhada"com pó de talco, "calçada" com toda a delicadeza e "afeiçoada" à mão dedo por dedo.
Grande número de turistas já chega a Lisboa com uma visitinha à Ulisses agendada , alguns guias internacionais fazem-lhe referências elogiosas e aconselham vivamente uma ida até lá. E eu que sou portuguesa nem sabia da sua existência...E adoro luvas! Desde jovem.Até cheguei a ter luvas de pelica beige muito clarinho. Seriam para usar na Primavera? Também tive de renda e lindísimas! Como é que fui capaz de não as guardar? Agora que me tornei uma sentimentalona de primeira dou imenso valor a estas pequenas coisas. Bem, ainda uso luvas. Pelo menos esse hábito não perdi de todo. Mas as mais bonitas têm tão pouca serventia...Onde é que se vai hoje com luvas finas? Um casamento mais chic de tempos a tempos...Nos dias mais frios sabem bem, mas a conduzir o carro, da casa para a escola e da escola para casa, nem dão muito jeito. Ah! Agora me lembro! Eu tive mesmo umas próprias para condução, sem dedos, pretas e vermelhas; foram-me oferecidas por um grande amigo da juventude no dia em que tirei "carta". Ele adorava carros, ansiava pela carta de condução e até já tinha idade para a tirar, mas as coisas lá em casa eram mais complicadas que na minha. Eu fui abençoada com uns pais amorosos de mentalidade aberta e muito à frente do seu tempo que tudo faziam para me compensar por uma coisa que eu tinha obrigação de fazer e até fazia por gosto: estudar e ter bons resultados.

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