Na revista "Tempo Livre" deste mês, li um artigo de António Sérgio Azenha, sobre uma luvaria de Lisboa já "patinada" por umas dezenas de anos. Chama-se Luvaria Ulisses. Fica incrustada na antiga muralha do Carmo e, pelo que percebi é uma lojinha minúscula, mas cheia de charme. Tem espelhos, lustres, dourados... Um atendimento de expert que me fez recordar o Sr. Vinhas da Casa das Luvas, cá de Coimbra : luvas "abertas" por um objecto de madeira comprido com ar de tesoura, "polvilhada"com pó de talco, "calçada" com toda a delicadeza e "afeiçoada" à mão dedo por dedo.
Grande número de turistas já chega a Lisboa com uma visitinha à Ulisses agendada , alguns guias internacionais fazem-lhe referências elogiosas e aconselham vivamente uma ida até lá. E eu que sou portuguesa nem sabia da sua existência...E adoro luvas! Desde jovem.Até cheguei a ter luvas de pelica beige muito clarinho. Seriam para usar na Primavera? Também tive de renda e lindísimas! Como é que fui capaz de não as guardar? Agora que me tornei uma sentimentalona de primeira dou imenso valor a estas pequenas coisas. Bem, ainda uso luvas. Pelo menos esse hábito não perdi de todo. Mas as mais bonitas têm tão pouca serventia...Onde é que se vai hoje com luvas finas? Um casamento mais chic de tempos a tempos...Nos dias mais frios sabem bem, mas a conduzir o carro, da casa para a escola e da escola para casa, nem dão muito jeito. Ah! Agora me lembro! Eu tive mesmo umas próprias para condução, sem dedos, pretas e vermelhas; foram-me oferecidas por um grande amigo da juventude no dia em que tirei "carta". Ele adorava carros, ansiava pela carta de condução e até já tinha idade para a tirar, mas as coisas lá em casa eram mais complicadas que na minha. Eu fui abençoada com uns pais amorosos de mentalidade aberta e muito à frente do seu tempo que tudo faziam para me compensar por uma coisa que eu tinha obrigação de fazer e até fazia por gosto: estudar e ter bons resultados.
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