segunda-feira, 8 de junho de 2009

Histórias da Tragédia


Uma família que nunca viajava junta
"Não consigo acreditar que Christine e o meu neto não vão voltar, nunca mais. Isto é terrível", disse Annika Badre, ao jornal sueco Expressen. E adiantou, em autêntico desespero, a mãe de mais esta vítima do voo da Air France: "Falei com Christine pelo telefone momentos antes de ela embarcar". Christine Badre Schnabl vivia há dez anos no Rio de Janeiro com o marido e os filhos. Tinha 34 anos e, como conta a mãe, era "cheia de vida e muito amada por todos". A família, receosa dos acidentes de avião, nunca viajava junta. No domingo, ao partirem para as férias na Suécia, fizeram o mesmo: o marido partiu num voo mais cedo com a filha de três anos, enquanto Christine embarcava no voo da Air France com o filho mais velho do casal, Philipe, de cinco anos. Em Paris, onde deveriam reunir-se, o marido de Christine esperou a chegada do voo. Em vão.


Recompensa que acabou em tragédia
"Eram homens e mulheres jovens, entre os 25 e os 40 anos, cheios de energia. Tinham ganho o nosso desafio de serem os melhores vendedores", disse Laurent Bouveresse. O director-geral da CGED, uma empresa de distribuição de material eléctrico, referia-se assim ao grupo de 19 franceses que perderam a vida no sinistrado voo AF 447. A viagem tinha sido um prémio: a direcção regional Centro Atlântica Pireneus recompensou nove dos seus melhores vendedores com uma estada de quatro dias no Rio de Janeiro; acompanhados pelos respectivos cônjuges. O responsável do crédito a clientes da direcção regional da empresa em Limoges integrava também o grupo. Bouveresse disse ao jornal Le Figaro não ter palavras para exprimir o que sente, adiantando que a sua prioridade é ajudar as "dez famílias" que a tragédia atingiu.

Separação trágica após lua-de-mel
A catalã Anna Negra, de 28 anos, casara há 25 dias com Javier Alvarez Quero, dez anos mais velho. A lua-de-mel do casal, que partilhava há dois anos e meio um apartamento no Dubai foi no Brasil. Mas quis o destino que não partissem juntos no mesmo avião. Ela, ia a bordo do avião da Air France com destino a Paris, de onde devia seguir para Barcelona para passar uns dias com a família antes de regressar ao trabalho de consultora no Dubai. Ele, sócio de outra consultora, apanhou em São Paulo o voo directo de regresso à casa que partilhavam. No aeroporto, aguardavam dois amigos para lhe contarem a tragédia que ocorreu em pleno oceano Atlântico. Antes de conhecer Anna, o madrileno já tinha perdido uma namorada por doença.

Final de férias de um rapaz de 11 anos
Alexander Bjoroy, de 11 anos, despediu-se dos pais no aeroporto do Rio de Janeiro, depois de ter passado quinze dias de férias com eles e com a irmã mais nova. Viajava sozinho para regressar às aulas e ao colégio interno onde vivia, em Bristol. Mas nunca chegou a ligar a avisar que tinha chegado ao aeroporto Charles de Gaulle, onde tinha familiares à espera. Era um dos passageiros do voo AF 447. O pai, um norueguês que trabalha na indústria petrolífera, e a mãe, uma britânica, casaram-se em 1990 e desde então viajaram por todo o mundo: Mas queriam que o filho fosse educado no Reino Unido, onde vivem os avós, que descreveram o neto como uma pessoa "fantástica". Outras duas vítimas britânicas trabalhavam no sector do petróleo: Graham Gardner, de 52 anos, e Arthur Coakley, de 61 anos, que estava a planear a reforma com a mulher e os três filhos.
As três médicas irlandesas
Aisling Butler, de 26 anos, Jane Deasy, de 27 e Eithne Wall, de 29, tinham acabado o curso de Medicina no Trinity College, em 2007. As três viajaram juntas para o Rio de Janeiro, onde passaram 15 dias de férias, depois de se encontrarem com outros antigos colegas da universidade. As três regressavam no fatídico voo da Air France que desapareceu em pleno voo. Além de médica, que se queria especializar em cirurgia oftalmológica, Aisling era ainda dançarina, tendo actuado em todo o mundo com o grupo Riverdance.
in DN Globo

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